segunda-feira, 3 de abril de 2017

Equilíbrio

Saber escutar é habilidade, é dom. Todas as experiências acumuladas durante a vida contribuem decisivamente para que sejamos melhores ou piores ouvintes. Fato é que a simples postura de se propor a escutar alguém pode trazer consequências das mais positivas e desejadas por qualquer grupo de pessoas que almeja conviver em harmonia: dissemina empatia, constrói tolerância, fortalece laços, gera compreensão, inclusão. Quando nos propomos a verdadeiramemte ouvir o outro, temos a oportunidade de entender um pouco melhor as demandas dele, o seu pensamento, aquilo que ele vivencia, o que o aflige, o que o alegra. Dessa forma, torna-se possível cultivar a tolerância, por meio da compreensão um pouquinho mais acurada daquele pedacinho de histórias, de experiências, de medos e de sonhos que é o universo particular do próximo. Escutar faz bem. Há sempre algo novo a aprender, a ser adicionado a nosso próprio conjunto de vivências e de conhecimentos pessoais. Da escuta do outro pode-se extrair força, exemplos, motivação. Pode-se aprimorar a humildade e melhorar atitudes. Pode-se exercitar a humanidade presente em cada um de nós, e pode-se também expandir enormemente nossa visão de mundo. Em troca, é possível oferecer entendimento e apoio; é possível incluir, acolher, prover aconchego. Alarmantemente, hoje é fácil perceber, por parte de grande número de pessoas, a incessante busca por falar, por ser visto e por se expor nas mais diversas redes sociais. Em tempos dominados pelas conversas virtuais, urge que valorizemos ao máximo o diálogo olho no olho, porque, muitas vezes, um simples olhar transmite muito mais carinho, cuidado e compreensão que todo um textão de Whats. Contudo, é evidente que existem situações frente às quais não se pode nem se deve calar. Não devemos permitir que a postura de ouvintes acarrete atitudes passivas quando deparados com tais situações. Nesse sentido, uma das mais efetivas maneiras de contribuir para o fim da arraigada cultura do machismo é justamente não silenciarmos diante de frases ou de piadinhas aparentemente inocentes, mas que, em verdade, estão impregnadas com carga valorativa eminentemente negativa. Assim, desenvolvamos nossa capacidade de escutar. Ela permitirá que cheguemos mais longe, e contribuirá para que disseminemos consequências significativamente benéficas. Ao mesmo tempo, não nos calemos diante de injustiças e da difusão de ideias excludentes, pois o mundo também precisa de atitudes para que gire na direção que almejamos. Esse desafio de equilíbrio é o que se propõe diante de nós hoje.

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